O Comercio de Loulé. Que caminhos?

 

O Comercio de Loulé.
Que caminhos?

Súmula da Conversa

Loulé já foi centro de comércio com grande capacidade de atracão, não só em relação ao espaço rural, mas também perante aos concelhos limítrofes. Hoje o comércio da cidade, entendido de uma forma global - porque há naturalmente excepções - sobrevive, os clientes rareiam, as lojas vão fechando.
As razões para a situação presente podemos encontrá-las em vários factores, nomeadamente, dificuldade de adaptação a novas formas de organização e funcionamento da actividade - horários mais prolongados (lojas de chineses) grande competitividade nos preços, sobretudo se o produto não for diferenciador, grandes superfícies  com diversidade de oferta que conjugam comercio, animação, estacionamento, maior atratividade do litoral (Quarteira , Vilamoura) etc.
O contexto social e económico mudou, mas as pessoas que exercem a actividade comercial não alteraram as suas práticas.
Exceptuam-se algumas poucas lojas que procuram fazer a diferença
Para responder a esta situação é necessário jogar com horários de funcionamento, ter serviços mais personalizados, com o melhor atendimento, criar programas de promoção sólidos, a que grade parte dos estabelecimentos assumam aderir.
Recordou-se que no passado já existiu a prática do comércio estar aberto ao domingo e fechado à segunda. É preciso projectar e experimentar mudanças.
Falámos da abertura do comércio à noite, ás sextas, no verão. Constatando-se que o numero de estabelecimentos abertos eram muito poucos, o que desacredita a iniciativa e não garante hábitos de afluência, porque quem ali se desloca se sente defraudado com a oferta, e não volta na sexta seguinte. A que acresce a falta de hábito das pessoas para saírem à noite.
Seria importante um esforço concentrado em produtos em que Loulé se evidenciava. O calçado por exemplo. Chegámos ter imensos sapateiros e mais tarde, mesmo depois de deixar-mos de ter produção, éramos uma referência na comercialização de calçado. Hoje o comércio da cidade não reflecte a importância desta indústria hoje sedeada no centro e norte do País, a sua qualidade e o seu reconhecimento além fronteiras.
As pessoas de Loulé vão comprar fora. Porquê? Porque os produtos não são atractivos? Porque não temos bom atendimento?
Nos últimos anos introduziram-se mudanças no centro da cidade que são interessantes: os passeios são largos, ouve-se musica quando se anda pela rua, a rua das lojas é sombreada no verão…
Falou-se de novas experiências, mercearia criativa em Lisboa, de promoção articulada entre comerciantes em que há sempre promoções na área comercial, através de calendários concertados entre lojas. Reflectiu-se sobre a necessidade de, também no associativismo comercial, haver mais dinamismo, mais capacidade de mobilizar/envolver os associados. Sem se trabalhar na qualidade dos produtos, a forma de os expor/valorizar, o acolhimento do cliente, sem envolvimento de todos, não há dimensão, não há escala para tornar as iniciativas e a área comercial da cidade atractiva.
É fundamental entender a cidade como uma casa que recebe bem os seus visitantes, que procura responder às suas necessidades: uma cidade com espaços para as crianças crianças, para os idosos, para os deficientes, que intercale comercio com estada e lazer.
A propósito falámos da Tertúlia e de como uma oferta diversificada e acolhedora, tornou um espaço periférico na cidade, num atractivo para gente que se desloca ao local.
A possibilidade de criar um guia on-line e eventualmente em papel, que promova comercio, restaurações, cafés …com determinadas características de qualidade de serviço, de produto…foi uma das ideias que a conversa nos trouxe.
Criar uma bolsa de espaços, que permitam acolher novas actividades afigura-se fundamental para que haja maior diversificação, mais inovação, maior atractividade do comércio e serviços da cidade. A crescente existência de espaços devolutos deverá levar a um compromisso que permita rendas mais acessíveis.
O mercado, ou mercados de sábado de manhã, foi outro dos assuntos sobre o qual reflectimos.
O sábado é o grande dia da cidade - veio á conversa a possibilidade de  voltarmos a ser vila, mais em consonância com a nossa realidade, uma grande vila em vez de uma pouco convincente  cidade - mas não estamos de facto a aproveitá-lo como alavanca para promover a cidade todo o dia e toda a semana.
Falou-se a propósito do caso do mercado semanal de Barcelos, um mercado que enche, que envolve, que dinamiza praticamente toda a cidade.
Nesta linha, a ideia de Loulé cidade mercado, que ligue a Avenida ao Mercado Municipal, Praça da República, zona do Castelo, Rua das Lojas, Largo de S. Francisco, Largo Manuel de Arriaga, com ligação ao mercado que se realiza junto ao convento de Santo António pareceu ser uma ideia a trabalhar com criação de outros pontos polarizadores temáticos (espaço para exposição/trabalho ao vivo de artistas, espaço para comercialização de frutos secos e transformados regionais, espaço para comercio e actividades infantis, espaço para musica e comercialização associada…), para além dos dois mercados existentes.
A recuperação da Feira Franca e do seu conceito de isenção de taxas poderia ser uma ideia a trabalhar Recorde-se que a Feira Franca de Loulé foi um dos seus grandes atractivos no passado. É importante não perder e trabalhar eventos que ainda estão na memória de muitos louletanos.

Loulé, 20 de Novembro de 2012

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