Conversas no Parque

 

Sem conferencistas, com as ideias e as palavras de cada um, convivemos e reflectimos sobre os temas que mais nos possam interessar.

Este é o desafio, ou o convite como queiram, que a Casa da Cultura de Loulé lança a todos, para que o espaço da CCL no Parque Municipal seja transformado num lugar de encontro de ideias, de pensamentos, de dúvidas, de conhecimento, de convivio...

Em cada noite trataremos um tema. Tema esse definido na sessão anterior. Exceptua-se naturalmente a primeira noite, em que nos centraremos a propósito, nos espaços de partilha e de encontro. Como tem evoluido, as suas vantagens e desvantagens e ou, da forma de os conciliar e dosear: "Das noitadas à conversa, ao tempo todo no face-book".

Conversas no parque é um espaço de tertúlia que ocorre no bar da Casa da Cultura de Loulé à 1ª e 3ª Terça Feira de cada mês, pelas 21.30h.

O Comercio de Loulé. Que caminhos?

 

O Comercio de Loulé.
Que caminhos?

Súmula da Conversa

Loulé já foi centro de comércio com grande capacidade de atracão, não só em relação ao espaço rural, mas também perante aos concelhos limítrofes. Hoje o comércio da cidade, entendido de uma forma global - porque há naturalmente excepções - sobrevive, os clientes rareiam, as lojas vão fechando.
As razões para a situação presente podemos encontrá-las em vários factores, nomeadamente, dificuldade de adaptação a novas formas de organização e funcionamento da actividade - horários mais prolongados (lojas de chineses) grande competitividade nos preços, sobretudo se o produto não for diferenciador, grandes superfícies  com diversidade de oferta que conjugam comercio, animação, estacionamento, maior atratividade do litoral (Quarteira , Vilamoura) etc.
O contexto social e económico mudou, mas as pessoas que exercem a actividade comercial não alteraram as suas práticas.
Exceptuam-se algumas poucas lojas que procuram fazer a diferença
Para responder a esta situação é necessário jogar com horários de funcionamento, ter serviços mais personalizados, com o melhor atendimento, criar programas de promoção sólidos, a que grade parte dos estabelecimentos assumam aderir.
Recordou-se que no passado já existiu a prática do comércio estar aberto ao domingo e fechado à segunda. É preciso projectar e experimentar mudanças.
Falámos da abertura do comércio à noite, ás sextas, no verão. Constatando-se que o numero de estabelecimentos abertos eram muito poucos, o que desacredita a iniciativa e não garante hábitos de afluência, porque quem ali se desloca se sente defraudado com a oferta, e não volta na sexta seguinte. A que acresce a falta de hábito das pessoas para saírem à noite.
Seria importante um esforço concentrado em produtos em que Loulé se evidenciava. O calçado por exemplo. Chegámos ter imensos sapateiros e mais tarde, mesmo depois de deixar-mos de ter produção, éramos uma referência na comercialização de calçado. Hoje o comércio da cidade não reflecte a importância desta indústria hoje sedeada no centro e norte do País, a sua qualidade e o seu reconhecimento além fronteiras.
As pessoas de Loulé vão comprar fora. Porquê? Porque os produtos não são atractivos? Porque não temos bom atendimento?
Nos últimos anos introduziram-se mudanças no centro da cidade que são interessantes: os passeios são largos, ouve-se musica quando se anda pela rua, a rua das lojas é sombreada no verão…
Falou-se de novas experiências, mercearia criativa em Lisboa, de promoção articulada entre comerciantes em que há sempre promoções na área comercial, através de calendários concertados entre lojas. Reflectiu-se sobre a necessidade de, também no associativismo comercial, haver mais dinamismo, mais capacidade de mobilizar/envolver os associados. Sem se trabalhar na qualidade dos produtos, a forma de os expor/valorizar, o acolhimento do cliente, sem envolvimento de todos, não há dimensão, não há escala para tornar as iniciativas e a área comercial da cidade atractiva.
É fundamental entender a cidade como uma casa que recebe bem os seus visitantes, que procura responder às suas necessidades: uma cidade com espaços para as crianças crianças, para os idosos, para os deficientes, que intercale comercio com estada e lazer.
A propósito falámos da Tertúlia e de como uma oferta diversificada e acolhedora, tornou um espaço periférico na cidade, num atractivo para gente que se desloca ao local.
A possibilidade de criar um guia on-line e eventualmente em papel, que promova comercio, restaurações, cafés …com determinadas características de qualidade de serviço, de produto…foi uma das ideias que a conversa nos trouxe.
Criar uma bolsa de espaços, que permitam acolher novas actividades afigura-se fundamental para que haja maior diversificação, mais inovação, maior atractividade do comércio e serviços da cidade. A crescente existência de espaços devolutos deverá levar a um compromisso que permita rendas mais acessíveis.
O mercado, ou mercados de sábado de manhã, foi outro dos assuntos sobre o qual reflectimos.
O sábado é o grande dia da cidade - veio á conversa a possibilidade de  voltarmos a ser vila, mais em consonância com a nossa realidade, uma grande vila em vez de uma pouco convincente  cidade - mas não estamos de facto a aproveitá-lo como alavanca para promover a cidade todo o dia e toda a semana.
Falou-se a propósito do caso do mercado semanal de Barcelos, um mercado que enche, que envolve, que dinamiza praticamente toda a cidade.
Nesta linha, a ideia de Loulé cidade mercado, que ligue a Avenida ao Mercado Municipal, Praça da República, zona do Castelo, Rua das Lojas, Largo de S. Francisco, Largo Manuel de Arriaga, com ligação ao mercado que se realiza junto ao convento de Santo António pareceu ser uma ideia a trabalhar com criação de outros pontos polarizadores temáticos (espaço para exposição/trabalho ao vivo de artistas, espaço para comercialização de frutos secos e transformados regionais, espaço para comercio e actividades infantis, espaço para musica e comercialização associada…), para além dos dois mercados existentes.
A recuperação da Feira Franca e do seu conceito de isenção de taxas poderia ser uma ideia a trabalhar Recorde-se que a Feira Franca de Loulé foi um dos seus grandes atractivos no passado. É importante não perder e trabalhar eventos que ainda estão na memória de muitos louletanos.

Loulé, 20 de Novembro de 2012

Como revitalizar o Centro Histórico de Loulé?

Súmula da conversa
O Centro Histórico de Loulé é um espaço com memória, com identidade, mas onde falta vida, onde muito do edificado está devoluto ou degradado, onde os poucos residentes são sobretudo idosos.
A propósito desta sucinta caracterização, começámos por debater o que se entende ser a área do Centro Histórico, concluindo-se que a mesma deve ser entendida como toda a área antiga da cidade, tendo a propósito sido referida a zona “classificada” como área critica de recuperação e reconversão urbanística, como uma delimitação oficial que deve ser referencia.
Apesar desta dominante, de envelhecimento e não utilização, em muito do seu edificado, é no centro histórico que encontramos muitos equipamentos e actividades que definem a centralidade da cidade: o Edifício dos Paços do Concelho, o Mercado Municipal, o INUAF, a Galeria do Convento Espírito Santo, o Castelo, o Museu Arqueológico, a Cozinha Tradicional, a Alcaidaria, diversos bares, a área comercial, onde se destaca a rua das lojas e a Praça da República. Equipamentos e serviços com forte atractividade que poderão ser mais e melhor utilizados. Falámos da possibilidade de existirem guias específicos e de horários de abertura mais amplos. A recente marcação de percursos na cidade pode ser uma iniciativa interessante, mas tem que ser integrada com outras medidas.
Como um balão, o Centro Histórico tem enchido durante 4 dias com o Festival MED - este ano menos tempo – mas depois da enchente tudo volta a ser o que já era.
Como revitalizar o Centro Histórico de Loulé?
Esta questão levou-nos a falar de outras experiências associadas á reabilitação urbana e à dinamização de cidades, em outros pontos do País: Óbidos, Porto, Paredes, Guimarães... Mas, face aos constrangimentos económicos do presente, foi evidenciado que os processos de revitalização terão hoje que assentar em soluções criativas, diferenciadoras, de baixo custo e com grande envolvimento dos múltiplos agentes, indispensáveis a um processo participado: proprietários, habitantes, agentes económicos, empresas de construção, autarquias...
É necessária uma estratégia para a zona antiga da cidade de Loulé, que inverta a actual tendência de abandono e que seja construída com múltiplos parceiros. Que possa, como em outros locais, privilegiar: a fixação de jovens residentes, espaços de coworking, lojas com novas actividades, hostels, mas também outras actividades que valorizem, revitalizem, recriem o tradicional. Loulé já foi referenciada como uma terra de artesãos. Chegou a existir um projecto de escola de artesanato.
O centro histórico de Loulé é extremamente interessante, com imensos atractivos, ainda  com gente, apesar da crescente desertificação. O levantamento do que existe deverá estar feito, através da Divisão de Reabilitação Urbana da CML e existem propostas e projectos no âmbito do CHARME. Conhecer o que existe é fundamental para mobilizar os recursos, os interlocutores, reunir as vontades.
Não basta intervir no espaço público, se paralelamente não houver a reutilização do edificado que é privado. Uma iniciativa em que a Câmara teve o propósito de criar uma bolsa de edifícios que pudessem vir a servir a instalação de industrias criativas, não resultou.
Esta situação concreta, deve levar-nos a reflectir sobre o método. Como envolver e mobilizar as pessoas. Tem que haver uma relação de confiança, que se constrói na relação pessoal, na conserva partilhada sobre problemas e soluções e não em formatos institucionalizados, em que na generalidade das vezes se estabelece a relação dos serviços do Município com as pessoas. A construção de soluções passa por assumir responsabilidades em parceria. Tem que haver compromissos entre o público e o privado. O Porto tem bons exemplos dessa conciliação.
Loulé é uma cidade onde não é possível estar numa esplanada sem ter carros pela frente. Isto não convida as pessoas a sair, a usar a rua. Em Loulé vive-se demasiado dentro de casa. A propósito falou-se de exemplos de cidades, ainda que no interior com imensa vida . Elvas foi um exemplo referido. Nas ruas antigas do centro histórico temos, por um lado ruas com transito, e ao mesmo tempo um piso que dificulta a deslocação pedonal. É preciso, sem descaracterizar, resolver este problema.
O licenciamento é outro problema, muito grave. Quando alguém quer fazer algo, o que emergem são dificuldades. Uma grande densidade de dificuldades. Se um jovem ou um pequeno investidor quiser fazer qualquer coisa, nem sabe por onde começar. Ninguém lhe diz o que deve fazer. Conseguir realizar qualquer iniciativa leva tempos infinitos. Não há dinheiro , nem vontade que suporte isto. É mais fácil comprar fora em novas áreas construídas. Era fundamental existirem facilidades para os processos de licenciamento e estímulos para as pessoas se fixarem e reabilitarem no centro histórico.
São necessárias novas soluções mesmo ao nível da realização de investimentos. Poderiam haver acordos. Criarem-se dinâmicas que permitam, que alguém interessado em recuperar uma casa, possa chegar a acordo com o proprietário amortizando o investimento através da ausência de renda, ou do pagamento de uma renda mais baixa, durante um determinado numero de anos...É importante tomar medidas que favoreçam a habitação de jovens, a instalação de ateliers de artistas... O IMI pode ser utilizado como um instrumento que incentiva a recuperação e penaliza o imobilismo. É preciso para isso reunir vontades, nomeadamente vontade politica.
No passado já existiu uma Comissão Municipal de Defesa do Património que na altura foi importante para sensibilizar e propor medidas de salvaguarda. Hoje poderia haver algo desse género, eventualmente com objectivos mais amplos e integrados, que juntasse vários interlocutores. O papel da Câmara é importante, mas não pode ser entendido como o de uma mãe.
A imagem já conseguida pelo Festival MED deve ser potenciada em favor da revitalização do centro histórico. A existência de eventos ao longo do ano é fundamental. Óbidos foi aqui referido como um exemplo de estratégia de programação com diversos eventos.
As sociedades de reabilitação urbana foram apontadas como solução em algumas cidades. Ao mesmo tempo ficou patente que hoje as iniciativas possíveis requerem grande contenção financeira.
Identificaram-se iniciativas de mobilização de vontades já experimentadas em Loulé para que as igrejas pudessem estar acessíveis a visitantes, tendo havido formação para paroquianos. O levantamento e identificação do património existe, mas de facto a abertura das igrejas continua a ser uma dificuldade porque é preciso garantir segurança das obras de arte sacra lá existentes.
Finalmente concluiu-se da necessidade de vir a realizar um workshop em formato a definir, que permita debater as múltiplas abordagens que importa considerar para um processo efectivo de revitalização do centro histórico, que reúna: proprietários, habitantes, serviços da Câmara, INUAF, escolas... Para pensar e colaborar na realização desse workshop os presentes na conversa serão convidados para uma futura reunião.
Loulé 6 de Novembro 2012

Síntese da conversa - UM PARQUE PARA TODOS !!!

 

O Parque Municipal não é o resultado de um projecto, num tempo preciso. É fruto de uma sucessão de vontades e de limitações que foram "colando" intervenções num território mais ou menos disponível.
Uma cronologia, ainda que sumária, dá-nos conta da sua evolução ao longo das décadas. O nosso Parque é jovem, ainda não atingiu um século.

1946/48 – Eram realizadas grandes feiras populares na Quinta do Pombal.
25 Fevereiro 1946 – Compra da propriedade do Pombal pelo município, a fim de instalar o Parque Infantil e o Parque Municipal da Vila de Loulé.
3 Junho 1952 – Art.º Ignácio Peres Fernandes envia o ante-plano de construção do Parque da Vila.
23 Dezembro 1952 – Arrendamento da casa existente na Quinta do Pombal, ao fiscal dos Serviços de Urbanização junto do Monumento Duarte Pacheco, durante o período das respetivas obras.
1 Março 1953 – início da 1ªfase da plantação de árvores no Parque da Vila.
Dezembro 1954 – O Sr. Ministro das Obras Públicas concede uma comparticipação do estado para a construção de ruas e canalização de esgotos a realizar no Parque Municipal.  É prevista a expropriação dos terrenos que faltam para se completar a área constante do projeto.
Março 1955 – Concurso público para arrematação da obra de “construção do Parque Municipal – 1ª Fase.”
1 Novembro 1955 – O Sr. Ministro das Obras Públicas autorizou a comparticipação do estado para execução da 2ª fase da obra “Construção do Parque Municipal”.
9  Fevereiro 1956 – É Adjudicada a 2ªfase da construção do Parque Municipal de Loulé.
Novembro 1956 – Enquanto  prosseguem os trabalhos da 2º fase, surge a proposta para na 3ª fase incluir-se um campo de jogos para futebol e outros desportos.
Novembro 1959 – Ainda sem o projeto de Estádio Municipal a Câmara dá prioridade a outras obras. Manda elaborar o projeto do Parque Infantil e proceder ao ajardinamento de algumas zonas.
17 Novembro 1960 – Pelo  Vereador do Pelouro dos Jardins foi solicitado que se providenciasse, para dar seguimento aos trabalhos de construção do parque, a elaboração de um plano que servisse de orientação dos mesmos.
2 Junho 1961 – O Arq.º Ignácio Peres Fernandes envia o anteprojeto do Parque Municipal.
Novembro 1964 – Estão em curso as negociações com os proprietários de terrenos anexos ao Parque Municipal cujo destino seria à construção do estádio Municipal de forma a deixar vaga a área até a altura prevista para a sua implantação para  a localização  da Escola Técnica de Loulé.
1966 – O Parque está abandonado, sem Estádio nem Escola, e não existe previsões para iniciar qualquer dessas importantes e necessárias obras.
16 Janeiro 1973 – Escritura da Sociedade por ações que pretende construir uma piscina no parque Municipal.
1982 – O Parque encontra-se num estado lastimável de conservação o que origina um baixo índice de utilização, devido  à insegurança e o estado selvagem e mundo em parte originado pela falta de iluminação.  No mesmo ano é comunicado  que “Loulé terá finalmente a sua piscina”.
Outubro de 1985 –  Está em elaboração um projeto de ordenamento do Parque Municipal, para torna-lo mais agradável para o lazer e a prática desportiva, para tal será recuperado o circuito de manutenção e introduzidas algumas modificações que se enquadram com as necessidades de prática desportiva. O Parque Municipal foi o local escolhido para prestar homenagem ao grande poeta popular António Aleixo. O orçamento da Câmara disponibiliza verba para arrancar com as obras.
3 Julho 1986 – Inauguração do Complexo das Piscinas Municipais descobertas.
16 Novembro 1989 – Inauguração do anfiteatro e do monumento de homenagem ao poeta António Aleixo no Parque Municipal.
1993 – Inauguração do Complexo das Piscinas Municipais cobertas.
1996 – Ano em que foi colocado no Parque Municipal o monumento “AraVitae” sem inauguração oficial.
Maio 1997 – Abertura de novos campos de ténis no Parque Municipal.
2010 – Obras de remodelação do Parque Municipal
1 Fevereiro 2012 – Inauguração das obras de remodelação do Parque  Municipal com a  adaptação da antiga Casa do Pombal a um espaço cultural que engloba a Casa da Cultura de Loulé e o CECAL – Centro de Experimentação e Criação Artística de Loulé e com a implantação de outros equipamentos de lazer e de prática desportiva como: o parque infantil renovado, o minigolfe, o Net Mountain Galaxi (grande pirâmide de corda para escalada e diversão em grupo), o circuito de manutenção remodelado com um percurso de marcha com cerca de 800m e um conjunto de máquinas de exterior.

Fonte Bibliográfica :
Gonçalves, Ana Patrícia Correia; “Espaços verdes de Loulé – Uma Abordagem  Histórica” , Trabalho de Estágio Curricular do 4ª ano da licenciatura em gestão Ambiental do Instituto Superior Dom Afonso III – INUAF; 2005

Sintetizamos seguidamente, o diagnóstico e as proposta resultantes da nossa conversa, porque é a conversar que agente se entende e uma dúzia de cabeças  pensam, melhor do que uma:
O Parque é parte da cidade e deve ser um dos seus cartões de visita. Mas há erros a corrigir e uma dinâmica a imprimir. 
Foram, enumeradas insuficiências na sinalética direccional e promocional. Quem não é de Loulé dificilmente conseguirá saber da existência do parque e de como lá chegar. Sendo relevante direccionar os seus potenciais utilizadores para um estacionamento privilegiado, não pago.
A conversa, para a qual todos os presentes contribuíram, fruto da diversidade das suas experiências e áreas de competência, alertaram ainda para custos de manutenção associados a opções e ou erros de construção que importa minimizarem: sistema de rega em alguns casos inadequado (aspersão quando devia ser gota a gota) e problemas de drenagem, que provocam encharcamentos e maior consumo de água, em algumas manchas de área verde e sua consequente degradação .Também a iluminação deverá ser corrigida de forma a permitir a redução da luminosidade a partir de determinada hora, poupando nos custos com o consumo de energia.
As ultimas obras realizadas no Parque permitiram reabilitar o espaço parcialmente degradado, nomeadamente o edifício onde hoje está instalada a Casa da Cultura e o CECAL. Mas a solução de aproveitamento do edifício, não foi a melhor, não foi debatida como seria fundamental com os seus utilizadores. Agora o que é preciso é pensar a funcionalidade do que existe, de forma integrada.
No entanto existe alguma desilusão por parte de quem tinha a expectativa de encontrar no parque uma maior diversidade de actividades, um espaço de estada com cafés e bares de apoio
É fundamental encontrar soluções que permitam a abertura dos equipamentos de apoio no Anfiteatro António Aleixo e no edifício onde se encontra instalada a Casa da Cultura e o CECAL, como complemento e apoio a actividades. O Parque não pode ser apenas um ginásio ao ar livre.
O Anfiteatro António Aleixo é um recurso que não está suficientemente aproveitado, apesar das suas limitações técnicas, seria relevante o seu uso para fins culturais contribuindo para dignificar a ilustre figura que pretende homenagear.
Actualmente, de manhã e ao fim do dia, o Parque é frequentado por muita gente para a prática de exercício físico. Esta zona da cidade, integrando os complexos de piscinas, de ténis, jogos tradicionais, ligando-a ao Pavilhão Desportivo, mas também a um conjunto estruturado de trilhos e circuitos para uso pedonal e de BTT utilizando caminhos na envolvente próxima (cerro de Santa Luzia) pode vir a ser um centro de excelência para a actividade desportiva.
Os trilhos pedonais poderão, se pensados para esse efeito, minimizar os erros técnicos da construção - a cimentação dos trilho existentes no Parque -  um piso desadequado para o treino, seja ele de manutenção ou  de competição. Considerou-se ainda que, se na prática, se começarem a definir trilhos pedonais atravessando a mancha relvada, eles deverão posteriormente ser assumidos como pistas, introduzindo uma correcção a um erro do projecto, sendo aliás esta uma metodologia assumida por alguns projectistas, deixando aos utilizadores a possibilidade de marcarem no terreno aquilo que é a expressão natural da utilização dos espaços.
Neste contexto, diversos espaços do Parque podem servir de acolhimento para as mais diversas entidades realizarem iniciativas abertas, de promoção de múltiplas modalidades, de forma mais visível.
Concertos e iniciativas com" bandas de garagem"; mostras e feiras (do livro, velharias, e outras) ainda que com entidades locais/regionais e com estruturas simples; mostras de artes plásticas (efémeras, moderna, de rua...), campos de artes; cinema ao ar livre no verão, fotografia…
Considerou-se ainda que seria interessante criar um espaço wireless livre, que permita o acesso á net no espaço exterior envolvente à CCL/CECAL, privilegiando o uso daquela zona por estudantes e outros utilizadores.
O Parque deveria ter uma programação, promovida globalmente, como acontece com outros equipamentos, tendo-se considerado importante que as entidades ali sedeadas (Casa da Cultura, Clube de Rugby, Clube de Ténis, Escola Secundária, CECAL...) reunissem entre si para eventual articulação de actividades e recursos.
É necessária uma estratégia para o Parque, com uma programação diversificado de eventos que incorpore actividades de quem ali está sedeado, mas também de outras entidades que utilizem o Parque como um recurso para promover e realizar actividades. Os equipamentos da envolvente estão de costas viradas para o Parque, não há uma porta que os ligue - Escola Secundária e Piscinas -  e hoje não há razões para isso. Essa é uma relação que tem que ser repensada.
O parque pode e deve ser um espaço de pedagogia para realização de actividades de ar livre com as crianças.
Há quem se lembre do Parque como um espaço de encontro, onde se faziam piqueniques, festas de aniversário...
Uma velha aspiração dos jovens continua no entanto  em falta: o espaço de para skate. E essa falta , leva a que sejam utilizados para esse tipo de actividade outros espaços e equipamentos não adequados que se vão degradando
Ao longo dos anos de altos e baixos na sua utilização, tem acolhido iniciativas de diversa natureza: desportivas, culturais, recreativas...O Parque tem um enorme potencial. Esta conversa deixa-nos reptos que nos desafiam !!!
16 de Outubro de 2012

Síntese da conversa "Falar face - a- face"

 

O tempo presente faculta-nos formas de comunicar com o outro ainda há pouco enexistentes.
Mas elas não subtituem as formas de relacionamento do passado, são complementares.

As novas tecnologias podem ser um meio de divulgação, de aproximação, de partilha e de encontro. O SEXTAS Á SOLTA é um exemplo dessa utilização, na divulgação, mas também servindo para medir a receptividade do que se cria, do que se produz, junto de um público mais lato. O s movimentos sociais, convocando iniciativas através do face e de outras redes, são outro exemplo de utilização e do poder destas novas ferramentas de comunicação.

Os perigos de exposição da intimidade que tantas vezes nos assustam quando vemos a interconectividade das ligações, podem ser minimizados através do dominio das ferramentas que as redes colocam ao dispor dos utilizadores. Há no entanto quem entre nas redes sociais sem o dominio das ferramentas de proteção e se surpreenda. Assim como há quem goste e aposte nessa mesma exposição.

Hoje tudo está disponivel nas teclas de um computador, mas não será certamente por isso que as pessoas deixaram de ser participativas, que se isolam, que não convivem. As redes sociais podem facilitar a aproximação, o encontro, encurtar distancias, facilitar procuras...

É certo que comparativamente, a conversa presencial requer um esforço acrescido. Levantar da cadeira ou do sofá, do quente ou do fresco, para ir ter com o outro ou os outros ...mas o que isso nos propicia na riqueza acrescida pelas outras formas de comunicação que envolvem as palavras... As expressões, os olhares...Mas o face e os novos instrumentos de comunicação também servem para nos convidar e convocar para o presencial. São afinal complementos que se articulam no nosso quotidiano.

O face mudou o conceito de amigo.

Os amigos do face são-no por conveniencia, muitas vezes são pessoas que nunca vimos, mas com quem partilhamos conversas, informações, conhecimentos... podem ser muitos, estar nos lugares mais dispares, permitir-nos aceder ao que de outra forma nunca seria do nosso conhecimento...estão mais acessiveis ainda que distantes... Mas não lhes podemos tocar, partilhar com eles os sabores de um petisco, beber uma cerveja, fazer uma caminhada,... os amigos do face não são os amigos do coração, da solidariedade, da intimidade transparente e verdadeira, são uma banalização do conceito de amigo

Esta nova forma de nos interrelacionar-mos influencia os nossos comportamentos e atitudes.
Mas esta evolução com aspectos negativos e positivos, opera-se num contexto social e educativo, todo ele em mutação.

Os valores podemos construi-los ou destrui-los fora e dentro das redes sociais, o que temos é que saber dosear o seu uso, com equilibrio e com conhecimento das potencialidades e riscos dos recursos ao nosso dispôr.

Casa da Cultura de Loulé - Parque Municipal - 02-10-2012

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